O setor imobiliário brasileiro vive um momento de transição e adaptação a novos desafios econômicos, sociais e ambientais. Dentro desse cenário, a modalidade Terreno + Construção desponta como uma alternativa essencial para famílias que buscam viabilizar a casa própria com planejamento financeiro, segurança e aderência às novas diretrizes governamentais.
Nos anos de 2025 e 2026, essa modalidade tende a ocupar um papel central na dinâmica habitacional do país, não apenas como uma oportunidade, mas como uma solução estratégica frente às transformações do mercado.
1 - O Minha Casa Minha Vida e a prioridade para imóveis novos.
O programa Minha Casa Minha Vida, principal motor da habitação popular no Brasil, direciona recursos e subsídios majoritariamente para imóveis novos. Isso significa que a compra de usados perde competitividade, enquanto modalidades vinculadas à construção - como o Terreno + Construção - ganham protagonismo.
O governo federal sinaliza que os orçamentos do programa serão priorizados para quem se enquadra na aquisição de novas unidades, estimulando a geração de emprego na construção civil e garantindo melhor qualidade habitacional. Para o comprador, isso se traduz em:
- Maior acesso a subsídios diretos (redução no valor financiado);
- Linha de crédito mais favorável, com juros abaixo da média de mercado;
- Segurança jurídica e construtiva, já que a obra precisa seguir normas e padrões atualizados.
Ou seja, quem optar por adquirir um terreno e construir, tem muito mais chance de se beneficiar dos recursos do CCFGTS que é a roda motriz do Minha Casa Minha Vida e conseguir enquadrar o imóvel dentro do programa habitacional.
2. Classe média e a escassez de imóveis acessíveis
Nos últimos anos, a classe média brasileira enfrenta uma dificuldade crescente: a falta de imóveis prontos com preços compatíveis à sua renda. Nas grandes cidades e regiões metropolitanas, imóveis novos com dois ou três dormitórios, que antes se encontravam dentro de faixas de financiamento populares, hoje ultrapassam facilmente valores considerados acessíveis.
Essa escassez decorre de fatores como:
- Aumento nos custos de materiais de construção e terrenos urbanos;
- Valorização de imóveis em regiões centrais e com infraestrutura consolidada;
- Competição crescente com investidores e incorporadoras.
Nesse cenário, o modelo Terreno + Construção surge como válvula de escape. Ele permite ao comprador ajustar o projeto ao seu orçamento, escolher bairros emergentes com potencial de valorização e, sobretudo, personalizar a casa de acordo com suas necessidades, evitando pagar por áreas ou acabamentos que não lhe interessam.
3. O impacto das enchentes (RS) e o inflacionamento do mercado
As enchentes e desastres ambientais que marcaram o Brasil nos últimos anos, especialmente no Sul e Sudeste, provocaram efeitos profundos no setor imobiliário:
- Perda de unidades residenciais, reduzindo a oferta de imóveis disponíveis;
- Aumento da demanda por habitação em áreas seguras, o que elevou os preços em determinadas regiões;
- Reajuste nos custos de seguros e taxas urbanísticas, encarecendo ainda mais a compra de imóveis prontos.
Com isso, muitos compradores se deparam com preços inflacionados em imóveis já construídos. A alternativa de adquirir um terreno em área mais segura e erguer a própria residência passa a ser não apenas mais econômica, mas também mais estratégica em termos de localização e segurança patrimonial.
4. A maleabilidade como diferencial competitivo
A grande força da modalidade Terreno + Construção está na sua maleabilidade:
- O cliente pode adequar o projeto arquitetônico à sua realidade financeira, ampliando ou simplificando etapas conforme disponibilidade de recursos;
- Existe a possibilidade de planejar o cronograma de obra em etapas, evitando endividamento excessivo;
- Permite definir a localização de acordo com critérios pessoais de segurança, infraestrutura e mobilidade, algo limitado na compra de imóveis prontos;
- Possibilita maior valorização do patrimônio: imóveis construídos em terreno próprio costumam ter potencial de mercado superior ao valor investido.
Essa flexibilidade é crucial em um cenário de instabilidade econômica e encarecimento imobiliário. Enquanto um imóvel pronto tem preço fixo e pouco negociável, a construção pode ser planejada e ajustada de forma dinâmica.
Conclusão
O biênio de 2025-2026 tende a consolidar a modalidade Terreno + Construção como protagonista no setor habitacional brasileiro. Com o Minha Casa Minha Vida priorizando imóveis novos, a classe média encontrando barreiras no acesso a unidades prontas e os reflexos do aumento de preços impulsionado por eventos climáticos extremos, essa alternativa se posiciona como a solução mais inteligente, acessível e sustentável.
Mais do que uma simples opção, o Terreno + Construção desponta como estratégia de acesso real à casa própria, permitindo ao comprador flexibilizar o orçamento, definir a localização, personalizar o projeto e ampliar as chances de financiamento subsidiado.
Para as famílias, representa a oportunidade de unir qualidade de vida, segurança patrimonial e realização do sonho do primeiro imóvel. Para quem empreende, significa compreender os novos movimentos do mercado e direcionar esforços a produtos descentralizados, fora dos grandes centros urbanos, onde a demanda tende a crescer de forma consistente.
Em suma, essa modalidade se consolidará como o caminho mais viável e estratégico para transformar o desejo da casa própria em realidade nos próximos anos.